Foi apresentado na manhã desta terça-feira (2), em São Luís, o pecuarista Raimar Costa Pinto, preso preventivamente por suspeita de crimes de usura (agiotagem), posse ilegal de arma de fogo, ameaças, invasão a domicílios, entre outros crimes em Barra do Corda, a 462 km de distância da capital maranhense. A prisão foi efetuada na última sexta-feira (29), pela equipe da 15ª Delegacia Regional de Barra do Corda.
image-29-e1470019991793Pecuarista Raimar Costa Pinto
Durante a prisão e condução dele à delegacia, o pecuarista chegou a ameaçar os policiais, conforme relatou o delegado regional Renilto Ferreira à rádio Mirante AM. “No ato da condução da chácara para a delegacia, em três oportunidades dentro da viatura, ele veio a comentar que tinha idade elevada e que para ele não tinha mais importância quanto tempo mais de vida ele teria, que ele já tinha seu caixão comprado, seu túmulo feito, o qual tinha feito com cinco vagas: ele, o delegado e sua equipe que estava dentro da viatura”, conta.
A polícia chegou até o pecuarista após uma das vítimas ser expulsa de sua própria casa, lacrada com tábuas e pregos pelo suspeito. Dentro da residência, os policiais encontraram o cachorro da vítima morto, evidenciando mais uma forma de intimidação da vítima. “Após os policiais arrombarem a casa, foi constatado um mau cheiro muito forte, e localizado o cachorro da vítima, provavelmente morto pelo pecuarista. O cachorro estava dentro de uma bolsa da vítima, em cima da cama dela”, disse o delegado. Por causa disso, o pecuarista também vai responder por crime ambiental.
Na casa de Raimar, foram encontrados outros objetos que evidenciam a prática criminosa. As ameaças eram direcionadas também a parentes.
Por meio de ‘oitivas informais’, outras vítimas apontaram outros métodos de tortura e intimidação. Uma delas chegou a ser colocada dentro de um caixão. “Vítimas que alegaram esses tipos de tortura, de serem obrigadas a se deitarem dentro de um caixão que o pecuarista possui em sua residência, serem torturadas mediante facas, agressões físicas e tudo mais, como forma de estarem sendo intimidadas a quitarem esses juros exorbitantes que por vezes se multiplicavam, que começavam na faixa de 3% a 4%, ia para 10%, ia para 20% e a dívida se tornava infindável”, completa Ferreira.
Omissão
Agora, a Corregedoria Geral de Segurança Pública do Maranhão vai apurar se houve responsabilidade funcional por omissão de servidores públicos do Estado, já que os atos eram praticados há algum tempo, segundo informaram as vítimas.
“Nós tivemos, aqui, notícias de fatos gravíssimos praticados pelo Raimar, com pessoas sendo colocadas em caixões, animais sendo mortos, estradas sendo interditadas, casas lacradas e aquisição de bens de pessoas com dívidas que não terminavam e, praticando esses atos, praticando crimes. Nós queremos saber exatamente se isso já acontece há algum tempo, se não houve apuração ou pedido de prisão preventiva ou um procedimento policial para apurar tais práticas. A nossa Corregedoria Geral de Segurança vai a Barra do Corda fazer o levantamento se há notícia do crime ou instalação do inquérito”, disse o secretário de Segurança Pública do Maranhão, Jefferson Portela.

(G1)