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quarta-feira, 7 de julho de 2021

ÉPOCA OBSCURANTISTA...Investimentos em pesquisas científicas despencam no Brasil.


Com sucessivos cortes no orçamento federal desde 2015, produção cientifica da pós-graduação está estagnada

Quarta-Feira, 07/07/2021, 11:57 - Atualizado em 07/07/2021, 11:57 -  Autor: Com informações de André Julião, da Agência Fapesp

   

País manteve bom desempenho nos últimos cinco anos, apesar da recessão econômica. Cortes de bolsas pelo governo federal e queda no investimento em pesquisa e desenvolvimento nas empresas, porém, ameaçam futuro do sistema nacional de ciência e tecnologia, segundo agência da ONU
 País manteve bom desempenho nos últimos cinco anos, apesar da recessão econômica. Cortes de bolsas pelo governo federal e queda no investimento em pesquisa e desenvolvimento nas empresas, porém, ameaçam futuro do sistema nacional de ciência e tecnologia, segundo agência da ONU | Itamar Crispim - Fiocruz.

O documento, publicado a cada cinco anos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), avalia o estado da ciência, tecnologia e inovação no mundo e teve a mais recente edição lançada em junho.

Entre os destaques brasileiros desde 2015 estão os estudos sobre zika. O país foi o segundo que mais produziu artigos científicos sobre o vírus, atrás apenas dos Estados Unidos. Os cientistas brasileiros responderam por 28% das publicações mais citadas sobre o assunto. De modo geral, o Brasil vem aumentando progressivamente o número de publicações há mais de 30 anos.

Apesar das dificuldades estruturais, no entanto, o período contou com o projeto Sirius, que inaugurou neste ano uma das primeiras fontes de luz síncrotron de quarta geração no mundo, no Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.

O relatório destaca ainda a implementação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, capaz de proporcionar acesso à internet de banda larga em regiões remotas do país. Na área de tecnologia da informação, o país introduziu o sistema de pagamentos on-line PIX, uma das primeiras iniciativas do tipo no mundo.

O relatório lembra que o Brasil aumentou consideravelmente a publicação de artigos científicos desde 2011 e que enfrentou duas epidemias, a de zika e a de COVID-19, tendo se unido a esforços internacionais para o desenvolvimento de vacinas contra esta última. O Brasil foi o segundo país que mais publicou artigos científicos sobre zika em 2016 e 2017, com alto índice de citações.

O estudo destaca ainda os polos de inovação nas universidades, berços de startups que impulsionaram a geração de patentes e a colaboração científica entre indústria e academia. Por outro lado, a proteção ambiental piorou nos últimos dois anos, como ficou evidente nos rompimentos de barragens de rejeitos de mineração e na crescente incidência de incêndios no Pantanal e na Amazônia, indicando que os sistemas de monitoramento e prevenção são insuficientes.

Além da queda nos gastos de P&D pela indústria, os autores alertam que a pós-graduação, até então a maior produtora de ciência no país, está entrando em estagnação, com cortes em nível federal ocorrendo desde 2015.

“O sistema de ciência e tecnologia brasileiro pode ser destruído. Isso é muito mais perigoso do que somente diminuir investimento. A resiliência tem limite. Se as bolsas para a pós-graduação continuarem diminuindo, vamos parar de formar cientistas e, com isso, a pesquisa acaba. Nossos competidores internacionais, por sua vez, continuarão pesquisando. Deixaremos de ser uma nação independente intelectual, científica e comercialmente”, encerra Chaimovic.

DOL

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