Segundo o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos e Estatísticos (Dieese), no início de fevereiro, o botijão de 13 kg do gás de cozinha, em Belém, era de R$ 84,24, após aumento de 5% na refinaria autorizado pelo Petrobras. No início de janeiro, houve o primeiro aumento, de 6%.
As consecutivas altas surpreenderam e desestabilizaram muitos empreendedores do ramo alimentício. O cozinheiro Daniel Miranda, de Paragominas, investiu dinheiro e tempo na formação do setor da gastronomia para conseguir abrir o tão sonhado restaurante. Há cerca de 10 meses, abriu o “Cantinho dos Sabores”. A alta dos preços dos insumos, incluindo o gás de cozinha, no entanto, fez o negócio fechar.
“Abrimos o restaurante e, um pouco depois, veio a pandemia. Quase fechamos, mas conseguimos ter um lucro pequeno. Agora, no começo do ano, os insumos aumentaram demais. Um gás que eu comprava por R$ 90, hoje, está custando R$ 105. E gastamos muito gás. Tive que dar um tempo. Estamos fechados há quase um mês”, lamenta o cozinheiro.
O restaurante ofertava pizzas, lanches e refeições, mas se tornou inviável pelos altos custos. “Ficamos muito tristes, porque precisava parar esse ramo que gosto tanto. Fiz curso no Senac, em Belém, investi em cursos de gastronomia aqui em Paragominas. Quando começamos a conquistar clientes, aconteceu isso. Investi, comprei bastante material e está tudo parado”, continua o cozinheiro, que, atualmente, pensa em investir no ramo de delivery de bebidas e segue realizando serviços de almoço e jantares em residências particulares.
SINDICATO DIZ QUE REVENDEDORAS TAMBÉM PASSAM 'APERTO'
O “sufoco”, no entanto, não se resume no lado do consumidor final, de acordo com Francinaldo Oliveira, presidente executivo do Sindicato das empresas revendedoras de GLP do Pará (Segarp). O representante da categoria garante que os empresários estão absorvendo parte considerável do prejuízo.
“Essa rotina frenética de aumentos, sem qualquer previsibilidade e em percentuais sempre superiores à inflação, é extremamente danosa às empresas, que não conseguem repassar esses aumentos ao consumidor, tornando as margens de lucro irrisórias e insuficientes”, comenta Francinaldo.
Um demonstrativo feito pelo Segarp aponta que, entre maio de 2020 e fevereiro de 2021, foram nove aumentos do preço do botijão de gás. A maior alta foi a de janeiro deste ano (6%). O presidente defende que, mesmo que os aumentos sejam necessários, deveriam ser feitos de maneira espaçada.
Em maio, o botijão de 13 kg era vendido por R$ 70 e, se as empresas repassassem todos os aumentos ao consumidor, o valor atual deveria ser de R$ 121,40, de acordo com Francinaldo.
“Se a política de paridade de preços internacionais, adotada pela Petrobras, não for alterada, a tendência é termos novos aumentos”, sentencia o representante da categoria.
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