No Brasil e em diversas partes do mundo empresas, universidades e pessoas comuns desenvolveram criações que são aliadas no combate ao Covid-19
21 de Abril de 2020
Para evitar que a população e profissionais de saúde sejam contaminados pelo novo coronavírus, nos últimos meses o mercado tem apresentado diferentes tipos de produtos criados por profissionais de saúde que sentem a na pele a necessidade urgente de equipamentos, estudantes que encontram na simplicidade uma forma de ajudar e empresas de diversos segmentos que usam a tecnologia e ciência.
Desde que o surto iniciou, médicos, cientistas e designers vêm trabalhando em ideias para impedir a propagação do vírus e no tratamento de pacientes.
Alguns equipamentos têm como função principal proteger a parte superior do corpo, na cabeça. Outras foram pensadas em ajudar na comunicação e levar conforto aos médicos e enfermeiros que passam o dia em hospitais e ainda facilitar a descontaminação de ambientes hospitalares, sem auxílio humano. Muitas dessas criações já estão sendo utilizadas, outras aguardam liberação para produção.
Máscaras de mergulho se transforma em respiradores na Itália
Na Itália um dos países mais afetados pela doença, um grupo de engenheiros transformou máscaras de mergulho em respiradores. Os profissionais são da região de Bréscia, epicentro do Covid-19 no país e onde está a sede da empresa Isinnova.
A iniciativa foi em meio ao quadro de colapso que levou os profissionais de saúde a decidir sobre quem deveria usar os poucos ventiladores disponíveis. Foi então que o médico Renato Favero procurou a empresa e apresentou a ideia. Ele notou que uma máscara simples de snorkel poderia ser usada como máscara para terapia intensiva, só faltava vincular um ventilador para que ele pudesse salvar vidas. O médico também forneceu desenhos CAD da máscara. Em poucos dias, os engenheiros da Isinnova projetaram o que chamam de válvula Charlotte, que além de tudo, pode ser facilmente impressa em 3D. A ideia já foi patenteada e a intenção é disponibilizar gratuitamente o projeto para qualquer hospital que possa estar em extrema necessidade.
A máscara já está sendo usada em diversos hospitais na Itália, mas, antes de tudo, os pacientes devem assinar uma renúncia reconhecendo que o equipamento é experimental.
Universidade Federal da Paraíba cria respirador 37 mais barato
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 48 horas criou um respirador pulmonar. Ele usa a tecnologia touch screen, é equipado com sistema multibiométrico e se conecta via wireless. Por isso, dá pra acessar, monitorar e operar o respirador remotamente, em tempo real, pelo aplicativo do smartphone.
Os técnicos informam que dá para montar e programar o aparelho em apenas 1 minuto. Não é um respirador de emergência, por isso ser usado indefinidamente, ou seja, para substituir os convencionais que existem no mercado.
O aparelho já teve a licença liberada para produção por empresas. O custo é de R$ 400, ou seja, 37 vezes mais barato do que o disponível no mercado.
As empresas precisam ter autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para produzir o aparelho, que precisará passar por testes pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Amazonas cria cabine que protege médicos da contaminação
Uma cabine feita com estrutura de PVC e uma película de vinil transparente, promete reduzir os riscos de contágio do coronavírus. A inovação desenvolvida pelo Instituto Transire, da Zona Franca de Manaus, no Amazonas, foi pensada para proteger profissionais da saúde que trabalham na linha de frente contra o coronavírus.
“Essa estrutura viabiliza o monitoramento, alimentação, medicação do paciente sem o contato direto da equipe médica, reduzindo drasticamente a chance de contágio e ajudando no controle do combate à Covid-19”, diz o site da empresa.
O equipamento também deve ajudar a reduzir o tempo se internação dos pacientes, acelerando a recuperação.
Protetor de auricular 3D
No Canadá o escoteiro Quinn Callander, de 12 anos, criou com a ajuda de uma impressora 3D um protetor para máscaras, para evitar que enfermeiros e médicos se machuquem com elástico. O dispositivo, que fica atrás da cabeça é chamado de protetor auricular e tem ganchos presos às tiras de uma máscara e ajudam a aliviar a pressão do elástico nas costas das orelhas.
Heather Roney, a mãe dele, contou que o filho fez centenas desses protetores de orelhas em casa e doou a profissionais de saúde em várias partes do mundo.
“É tão simples, mas incrivelmente eficaz”, disse Roney.
A iniciativa surgiu depois uma publicação no Facebook, de uma enfermeira local que esperava que alguém fizesse esse dispositivo para aliviar a pressão nos ouvidos.
Quinn, de 12 anos, encontrou protótipos on-line e começou a criar material de impressão 3D, que a família já possuía. Depois, ele os entregou a um amigo da família, enfermeiro, para testar e ajudar a escolher o design mais eficaz. O material já foi certificado.
Robô higieniza hospitais e elimina vírus
A Irlanda criou um robô que emite luz ultravioleta, faz limpeza profunda do ambiente, mata qualquer tipo de vírus e pode desinfectar hospitais. O Robot Violet, além de acabar com vírus, é capaz de higienizar um quarto de hospital rapidamente, na metade do tempo em que é feita a limpeza convencional. O robô foi desenvolvido pela Akara Robotics, fundada no Trinity College, da Irlanda.
Com a luz tubular que flutua pelo quarto emite raios UVC disparados em comprimentos de onda muito curtos. Eles decompõem o DNA em micróbios, impedem a replicação e a propagação de germes, o que inclui o coronavírus.
O inventor Connor McGinn diz que seu robô melhoraria bastante esse processo de limpeza, permitindo que hospitais cheios de pacientes limpassem salas e equipamentos sem que nenhum ser humano estivesse presente.
“Esse sistema pode reduzir a dependência do uso de soluções químicas, o que pode ser eficaz, mas exige que as salas sejam desocupadas por várias horas durante a esterilização, tornando-as impraticáveis para muitas partes do hospital”, disse McGinn no Twitter.
A startup já começou a produzir unidades do robô.
Máscaras para deficientes auditivos
Uma estudante de Illinois, nos Estados Unidos, criou máscaras especiais para deficientes auditivos compreenderem o que as pessoas dizem durante a pandemia do coronavírus.
A máscara tem uma janela na altura da boca e um plástico transparente, para que eles enxerguem a boca da pessoa que está falando e possam fazer a leitura labial.
A jovem, de 21 anos, está na Eastern Kentucky University e faz educação para surdos e deficientes auditivos.
“Começamos fazendo com os lençóis que tínhamos e, felizmente, eram grandes. Temos dois ou três jogos, então estamos aproveitando o tecido. O plástico também tínhamos em casa. Não precisamos de mais materiais”, disse.
A máscara adaptada é distribuída gratuitamente. Em menos de dois dias, a universitária recebeu dezenas de pedidos de seis estados norte-americanos diferentes.
Respirador e eliminador de partículas virais
No País de Gales o médico Rhys Thomas, do Hospital Glangwili, estava “desesperadamente preocupado” com a falta de ventiladores da unidade de terapia intensiva para lidar com o fluxo de pacientes. Juntamente com a empresa de engenharia CR Clark & Co, de Ammanford, ele criou uma máquina que não apenas ajuda os pacientes a respirar, mas também limpa a sala de partículas virais
Ele confirma que um paciente que foi tratado com a máquina agora está “se recuperando bem”. Os ministros galeses deram o aval para a produção de até 100 ventiladores por dia.
Braço para abrir maçanetas
Um homem teve a ideia de criar algo que impedisse o contato das mãos com as maçanetas de portas. Wyn Griffiths teve a ideia depois que sua esposa visitou um hospital em Gales e teve que tocar nas maçanetas das portas depois de higienizar as mãos.
Na mesma noite, ele havia projetado um protótipo de “braço” que se prende a uma maçaneta existente, para abrir a porta.
Ele já distribuiu o design 3D on-line para qualquer um fazer o download gratuitamente.
“Esperamos que as pessoas que possuem uma impressora 3D possam ajudar o hospital local ou em qualquer lugar que o público visite através da distribuição por todo o país”. O IMPARCIAL
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