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domingo, 5 de abril de 2020

RELATOS Coronavírus: saiba como é a vida e rotina de paraenses na Europa


 | Arquivo Pessoal
Um misto de saudades de amigos e familiares, medo de contaminação e angústia com a incerteza do futuro. Essa tem sido a situação de paraenses que optaram por sair de Belém e fixar moradia no exterior desde que o mundo conheceu a pandemia do novo coronavírus e medidas duras de quarentena, isolamento e distanciamento social foram impostas pelos governos para tentar conter o avanço da doença.
O DIÁRIO conversou com alguns paraenses que moram na Europa para conhecer um pouco a rotina deles em meio ao caos causado por uma pandemia mundial. A paraense Landa de Mendonça é atriz e cantora. Mora em Paris desde 2018 com o marido, o maestro Mateus Araújo, ex-regente da Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz; e a filha Letícia Araújo, 10 anos. O casal foi contemplado com o Prêmio Icatu de Artes por 2 anos (2018 e 2019).
Nesse período residiram na Cite des Arts de Paris, onde moram artistas do mundo inteiro. “O plano era voltar ao Brasil no início de 2020, mas decidimos ficar até julho para que nossa filha aproveitasse melhor o ano letivo e não se prejudicasse”. Ela deixou uma outra filha, Amanda Linhares, também atriz, em Belém. Ela se formaria agora em março. “Tudo foi repentinamente cancelado...Fazemos lives quase diariamente, não só com ela, mas com toda a família e amigos de toda a parte do Brasil que estão preocupados conosco”.
Landa conta que no início os parisienses não entenderam a gravidade da situação. “Dia 13 de março estávamos numa apresentação em Bordeaux quando a OMS declarou a pandemia. No trem de volta a Paris as pessoas estavam agitadas e assustadas. Foi um choque quando o presidente Mácron, na noite seguinte, decretou o confinamento”.
No dia seguinte ela lembra que a cidade parecia um cenário de guerra: exército nas ruas, confusões nos supermercados.... “Foi assustador ver pessoas com malas tentando fugir da cidade para o campo ou para os aeroportos com rumores do fechamento das fronteiras. Dois dias depois vi a cidade sem ninguém, nada. Foi assustador! No caminho fui parada por policiais e advertida que, se passasse do horário e de 1km de onde eu morava pagaria uma multa de 80 euros”.
PARIS
Hoje as saídas em Paris estão restritas a supermercados e farmácias e a multa aumentou para 200 euros. “Estamos tentando estudar, compor e manter nossa filha ocupada com as coisas da escola enviadas por e-mail pelos professores. A ordem é não enlouquecer até o fim disso tudo. Fazemos compras a cada 15 dias, esticamos comida. Não há como sair todo dia”.
Diariamente, às 20h vizinhos batem palmas pedindo músicas brasileiras e solos de piano e violino a Landa e o marido. “A primeira vez que fizemos isso todos choramos muito. Temos muitos idosos isolados em nosso condomínio e eles se sentem muito sozinhos e assustados. Nosso maior temor hoje é não saber quando poderemos rever nossa família e amigos. A quantidade de casos aqui é tão grande que não há mais leitos”. Apesar do medo, a artista vê os franceses tentando respeitar a quarentena, dando um voto de confiança ao governo. “Voltaremos ao Brasil, mas não sabemos quando”.
O publicitário Gabriel Bordalo, 27, mora em Lisboa há um ano e 7 meses. Se mudou para fazer mestrado em publicidade e marketing em Lisboa e construir uma vida em Portugal. Atualmente está escrevendo sua dissertação. Mora com sua namorada, também paraense. “Meus pais moram em Belém. Sigo em contato com eles e com meus amigos diariamente desde o início da quarentena”.
Arquivo Pessoal
 
Ele relata que viver em meio a uma pandemia é um medo compartilhado em todos os lugares do mundo. As ruas estão completamente vazias e praticamente tudo está fechado em Lisboa. Os hábitos mudaram completamente em questão de dias e coisas simples, como ir ao supermercado, têm sido encaradas com bastante tensão.
“Felizmente Portugal agiu relativamente cedo nas medidas de isolamento e, por isso, já existem os primeiros indícios de queda da curva epidêmica. Estamos em quarentena desde o dia 16 de março e atualmente não temos autorização para sair de casa sem seguir uma lista restrita de exceções”. Até a última quarta-feira, quando a entrevista foi feita, eram registrados em Portugal 9.034 casos confirmados, com 209 mortes.
O mercado de trabalho está parado e os portugueses vivem várias incertezas. Mas nesse momento uma coisa é unânime no país: salvar vidas. “Portugal está de acordo com a OMS e hoje estou mais preocupado com a situação do Brasil”, diz. “Parece que as pessoas ainda não entenderam a gravidade do problema e continuam vivendo normalmente. Infelizmente, cada dia de atraso pode custar mais vidas”.
As medidas de isolamento foram renovadas na última quinta pelo governo português. ”Iríamos visitar Belém dia 30/03, mas cancelamos a viagem, pois seríamos um potencial risco de propagação do vírus”.
Plano de passar o aniversário em Belém teve de ser desfeito
Morando na cidade holandesa de Hillegom há 10 anos, a administradora Gizella Diele, 36, foi pela primeira vez ao país para visitar familiares e gostou muito do que viu e sentiu. E ficou. “Resolvi estudar holandês e acabei conhecendo meu marido holandês. Terminei meu curso, casamos e vieram as filhas Valentina (5 anos) e Victoria (3 anos). Meu marido trabalha numa empresa chinesa e viaja muito. Dedico meu tempo para cuidar das crianças”, afirma.
Arquivo Pessoal
 
Os pais de Gizella moram em Marituba e ela fala diariamente com eles pelo WhatsApp. “Eles já vieram várias vezes passar férias conosco aqui e esse ano o plano era passar meu aniversário, em 9 de abril, em Belém com eles, mas, infelizmente, a pandemia atrapalhou tudo...”
Ela conta que viver na Europa em meio de uma pandemia não é fácil. “Na primeira semana de quarentena ainda estava muito frio e não se via ninguém nas ruas, apenas nos supermercados comprando tudo como se fosse começar uma guerra. As prateleiras das farmácias ficaram vazias. Tudo era estocado”.
Agora a situação está quase normalizada. A agonia reduziu. Muitas pessoas trabalham em home office e quem precisa sair toma cuidados. “As crianças estão sentindo muito por não poder visitar a família, abraçar seus avós e comemorar um aniversário com seus amigos. Estão estudando em casa e, às vezes, saio para dar uma volta de carro ou de bike com elas para não ficarem entediadas em casa”, conta.
O governo holandês decretou que todos têm que continuar de quarentena até o final de maio. “Não tenho planos de voltar a morar no Brasil, mas sinto muita falta. Minhas filhas gostam muito daqui. Quem sabe um dia ...”. No final da tarde da última quinta-feira o número de mortos na Holanda era de 1.339 pessoas, com 14.697 . casos confirmados. Autor: Luiz Flávio
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