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sexta-feira, 16 de julho de 2021

BOICOTE Manobra governista dá sobrevida a voto impresso na Câmara


O presidente Bolsonaro tem feito recorrentes afirmações sobre as eleições no Brasil, com acusações de que pleitos passados foram fraudados.

Sexta-Feira, 16/07/2021, 18:49 - Atualizado em 16/07/2021, 18:49 -  Autor: FOLHAPRESS

   

Imagem ilustrativa da notícia: Manobra governista dá sobrevida a voto impresso na Câmara
 | Reprodução

Com a expectativa de uma derrota na comissão especial, os bolsonaristas tentaram obstruir a reunião, mas sofreram uma série de revezes. O pedido de inversão de alteração da ordem dos trabalhos, para acelerar a votação do parecer, foi aprovado por 19 votos a 10.

Em uma instabilidade incomum, o encontro desta sexta-feira foi marcado por várias interrupções na videoconferência. Deputados da oposição, como Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Ivan Valente (PSOL-SP), ironizaram e disseram que nunca viram tantas quedas em uma reunião virtual.

Em resposta, o presidente da comissão informou que o sistema estava sendo invadido por uma pessoa que conseguiu a senha, mas que o autor havia sido identificado e o problema, resolvido. Ainda para adiar a votação, deu espaço para que o relator se pronunciasse.

Para evitar uma derrota, Barros disse, então, que pretendia rever seu parecer, com base nos apontamentos do voto em separado do PT e em reuniões com especialistas.

"Eu concedo o prazo o relator fazer a revisão do seu texto até a próxima sessão ordinária. Essa não é uma prerrogativa do presidente, é uma prerrogativa do relator", afirmou Martins. Com isso, a votação deve ocorrer só em agosto, na volta do recesso parlamentar.

Os deputados contrários ainda tentam coletar assinaturas para que seja realizada uma nova reunião ainda nesta sexta-feira. O desgaste com o tema ocorreu após uma escalada das ameaças do presidente Bolsonaro contra as eleições de 2022.

"Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições", declarou Bolsonaro a apoiadores no dia 8, em frente ao Palácio da Alvorada.

Bolsonaro tem feito recorrentes afirmações sobre as eleições no Brasil, com acusações de que pleitos passados foram fraudados e que ele só será derrotado em 2022 caso haja irregularidade semelhante -pesquisas recentes apontam o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A principal estratégia do presidente é questionar a segurança das urnas eletrônicas, sistema usado desde 1996 e considerado eficiente e confiável por autoridades e especialistas no país.

O próprio Bolsonaro foi eleito para o Legislativo usando o sistema em diferentes ocasiões, assim como venceu o pleito para o Palácio do Planalto em 2018 da mesma forma.

No final de junho, 11 partidos discutiram o sistema eleitoral e se colocaram contra a proposta de mudança para voto impresso. Estiveram presentes os presidentes do PSDB, MDB, PP, DEM, Solidariedade, PL, PSL, Cidadania, Republicanos, PSD e Avante.

Em seu relatório inicial, Barros sugeria que os registros impressos de voto tivessem mecanismos tecnológicos que assegurem sua autenticidade. Os votos deverão ser conferidos pelo eleitor e depositados, "de forma automática e sem contato manual, nas urnas indevassáveis."

Para evitar o risco de identificação dos votos pela configuração das escolhas no conjunto de cargos, o parecer dizia que os votos impressos devem ser depositados na urna de forma separada para cada cargo.

O deputado aborda o impacto orçamentário da adoção da medida, estimado por Barroso em R$ 2 bilhões. Ele defende que a implementação gradual do voto impresso possibilitará a diluição desse custo em três anos, para uma média de R$ 660 milhões anuais.

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