Isto quer dizer, na prática, mais da metade dos lares por todo país contraiu algum tipo de pendência financeira, prejudicando, entre outras coisas, o sustento familiar e seus derivados, como educação, trabalho e infraestrutura. Com tantos boletos vencidos, é necessário organizar as contas para não cair no abismo das dívidas. Especialistas alertam para os riscos da falta de planejamento econômico familiar.
Mas o que explica isso? Além da alta dos preços acima da inflação, muitas famílias passaram a depender do auxílio financeiro dos governos federal e estadual. E o resultado disso é um esforço sobrenatural para manter casa e família. Sem outros recursos, o endividamento é quase que automático. Mas como sair dele?
“Todos os valores mensais devem ser gastos de forma consciente. É preciso reunir a família, pensar na elaboração de um orçamento doméstico, que pode ser feito em planilha ou no caderno. Depois, a pessoa precisa calcular sua renda líquida do mês, suas despesas e refletir se cada conta realmente é necessária, pois existem as rendas fixas e variáveis”, explica a educadora financeira Ana Ferrari.
Para ela, outro ponto importante, que contribui para o endividamento, são os exageros. “Muitas pessoas gastam além do necessário. Nessas horas é bom guardar as sobras para o futuro, para as despesas variáveis que podem surgir nos meses seguintes. E caso tenha dúvidas, é bom colocar uma lista com os valores das dívidas, atualizadas, com os juros. E quando for quitar, peça desconto”, alerta.
“QUEM NÃO DEVE?”
Nas ruas, não é difícil encontrar quem precise fazer mágica em um cenário caótico. “As pessoas precisam administrar melhor o dinheiro, mas se não tiver informação e cuidado com os gastos, ela vai ficar mais endividada. Eu devo. Quem não deve? Para resolver o meu problema eu corto gastos, troco alimentos mais caros pelos mais baratos, não uso mais cartão de crédito. Faço economia de várias formas porque sei que, se eu sair gastando, vou me endividar ainda mais e para pagar vai ser um problema”, pensa o vendedor Odílio Reis, 57.
A aposentada Selma Monteiro, 59, admite o aperto, mas também tem seus recursos para sair do vermelho. “É muito difícil não contrair dívidas quando você tem família para sustentar. Aí cada um dá o seu jeito. Eu cortei o meu cartão de crédito. Não uso há muitos anos. Mesmo assim ainda sinto dificuldade”, admite.E os exemplos de gastos superestimados não faltam, principalmente quando se tratam de empréstimos a longo prazo. A ambulante Rai Silva, 57, que o diga. “Uma vez pedi um empréstimo e quase não dou conta de pagar. Foi bem difícil, mas consegui, com muito esforço. Desde então, vou com calma com as contas. Não uso cheque-especial, não uso cartão de crédito, não faço empréstimo em bancos. Ainda hoje possuo dívidas, mas são basicamente as necessárias para o sustento. Agora fico pensando, tudo está tão caro, imagina para o trabalhador que tem uma família grande e ganha pouco?”, encerra.
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