Greve dos rodoviários atinge 1 milhão de pessoas
Em Belém, Marituba e Ananindeua as paradas estão lotadas e nem sinal dos coletivos nas ruas. (Foto: Cezar Magalhães)
Cerca de 1 milhão de
usuários de ônibus de Belém, Ananindeua e Marituba terão grandes
dificuldades para usar o transporte público a partir de hoje, por causa
da greve dos rodoviários, que começou nesses municípios. Ontem, a
categoria decidiu pela paralisação das atividades, após reunião com
representantes do Sindicato das Empresas de Transporte de Belém
(Setransbel) terminar sem acordo. Em Belém, os rodoviários afirmaram que
vão manter circulando apenas 30% dos 1.371 ônibus que compõem a frota.
Em Ananindeua e Marituba, o Tribunal
Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8) determinou que 80% da frota
circule. Porém, Huellen Ferreria, presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rodoviários em Empresas de Transportes de Passageiros de
Ananindeua e Marituba (Sintram), afirmou que a categoria pretende manter
apenas 30% dos ônibus nas ruas. “Iremos manter 30%. Depois, o
departamento jurídico vai acompanhar o caso”, disse Huellen. Pela
liminar, o não cumprimento da decisão gera multa de R$ 100 mil por dia.
ASSEMBLEIAS
A assembleia dos rodoviários de Ananindeua e
Marituba foi realizada, à tarde, na sede campestre da Associação dos
Servidores da Uepa (Assuepa), em Ananindeua. Os rodoviários de Belém se
reuniram, às 18h, no auditório de um hotel, no bairro de São Brás. As
entidades sindicais prometeram manter equipes em frente às garagens das
empresas de ônibus a partir das 3h de hoje.
Para o presidente do Sindicato dos
Rodoviários de Belém, Altair Brandão, o que mais chamou a atenção foi
que o Setranbel não fez nenhuma contraproposta. “Eles (empresários) não
ofereceram sequer um reajuste conforme o índice de inflação, que está em
9,83%”, ressaltou. No início das negociações, os rodoviários pediam
um reajuste salarial de 15%. Além disso, reivindicam um aumento no
ticket alimentação de R$ 465 para R$ 600 e o aumento da clínica médica
de R$ 229 para R$ 350. “Hoje (ontem), chegamos a propor um reajuste
salarial de 13%, mas não tivemos resposta”, disse Rosivan Soares,
diretor do Sintram.
Até o fim da assembleia, ontem à noite, o
Sindicato dos Rodoviários de Belém não havia recebido nenhuma
notificação da Justiça do Trabalho que estipulasse um percentual mínimo
de ônibus circulando durante a greve.
Alternativas para se chegar ao trabalho
Nas ruas de Belém, Ananindeua e
Marituba, usuários do transporte coletivo buscavam soluções para não ter
a rotina prejudicada com a greve. A doméstica Gisele Santos, 39 anos,
usa 4 ônibus por dia para trabalhar. Ela mora na Transcoqueiro e
trabalha na Pedreira, em Belém. “Ficou complicado porque vou me arriscar
usando as vans”, disse.
Sair da Augusto Montenegro, no bairro Mangueirão, para São Brás também vai ser um problema para o contador Roberto Tenório, 30.
ALTERNATIVA
“A opção é usar os meios alternativos
ou negociar uma carona com alguém da empresa”, afirmou. A agente
administrativo Cristina Sumaia, 57, que mora no Distrito Industrial, em
Ananindeua, e trabalha no bairro do Guamá, em Belém, afirmou que
compreende as reivindicações dos rodoviários.
O funcionário público Benedito Falcão,
51 anos, que precisa pegar 4 ônibus por dia, lamentou ter de faltar ao
trabalho. “Eu uso vale e não posso tirar essas passagens do meu
orçamento”, disse.
EMPRESÁRIOS
O Sindicato das Empresas de Transporte de
Belém (Setransbel) afirma que a tarifa de ônibus, de R$ 2,70, não
contempla nem os salários atuais salários dos rodoviários. Por isso, a
entidade não dispõe de condições para arcar com as solicitações dos
rodoviários.
O Setransbel entrou com uma ação na Justiça
do Trabalho na qual pede que 80% da frota de Ananindeua e Marituba
circule na greve. A decisão judicial foi favorárel aos empresários. Os
rodoviários, porém, pretendem manter apenas 30% dos ônibus nas ruas. Até
o fechamento desta edição ainda não havia decisão judicial sobre Belém.
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(Denilson D'Almeida e Thamyres Nicolau/Diário do Pará)
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