
O empresário disse ter feito a solicitação ao senador a pedido de um conhecido que, segundo ele, trabalha no setor de vendas da vacina americana.
O site do laboratório informa que o imunizante produzido pela empresa é experimental e ainda não foi aprovado em nenhum país. No Brasil, a Vaxxinity chegou a pedir autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a realização de estudos clínicos da vacina, mas não concluiu essa etapa do processo.
Em nota, o senador negou ter se encontrado com representantes da Vaxxinity na viagem que fez aos EUA em junho, bem como ter feito qualquer intermediação entre a fabricante e o Ministério da Saúde.
A Vaxxinity informou que nunca entrou em contato com o Ministério da Saúde e que ninguém da empresa mantém contatos com Stelvio Bruni Rosi. A empresa informou ainda que seu único representante no País chama-se Elcemar Almeida, cujo perfil nas redes sociais afirma ser o “presidente da Covaxx” (nome antigo da Vaxxinity). “Nenhuma pessoa associada à Vaxxinity jamais esteve em contato com Stelvio Bruni Rosi, nem com o senador Flávio Bolsonaro. Portanto, não temos conhecimento das informações contidas no e-mail citado, nem dessas supostas reuniões”, diz a nota.
Além de advogado e empresário do ramo do turismo, Rosi também tem outros empreendimentos. Ele atua ainda como diretor operacional da Malugue Comércio Ltda, empresa do Rio de Janeiro que diz ser especializada na distribuição de equipamentos hospitalares. Criada em 2014, a Malugue opera no bairro da Saúde, no centro da cidade.
Na fachada, não há qualquer placa ou sinalização que indique que a companhia realmente funciona naquele endereço. Também desperta suspeitas a quantidade de atividades secundárias informadas pela empresa à Receita Federal: vai desde o comércio de móveis, bolsas, malas, artigos de viagem, até peças para carros e caminhões novos e usados.
Na internet, a empresa de Rosi tinha o seguinte comunicado: “Fechamos contrato com um dos maiores distribuidores de vacinas do mundo. Hoje, seguimos rigorosamente os critérios de condutas pré-definidos por ministérios de saúde dos países fabricantes e dos países compradores e está totalmente amparada para orientar e promover o processo de aquisição de diversas vacinas para combater a Covid-19”.
“Quando essa coisa de vacina começou a abrir a possibilidade para a venda aos estados, prefeituras e iniciativa privada, a gente tentou fazer uma movimentação nesse sentido”, disse Stelvio. “Só havia a AstraZeneca, que fazia contrato com governo, a Pfizer e a Coronavac. Na realidade, não tinha outro produto para se trabalhar.”
Minutos após a entrevista, o site da Malugue foi retirado do ar. Stelvio não é o único diretor da Malugue. Além dele, estão no corpo diretivo da empresa o já citado advogado Ricardo Horácio e o coronel da reserva do Exército Gilberto Gueiros.
Gueiros é uma pessoa conhecida da política fluminense. Foi presidente da Loterj na gestão do governador Wilson Witzel no Rio de Janeiro, ex-aliado de Bolsonaro que foi afastado do cargo por desvios na Saúde. Sob a gestão do coronel, a Loterj doou 450 ambulâncias a hospitais do Rio.
A CPI da Covid abriu recentemente uma investigação para apurar denúncias de corrupção em contratos envolvendo hospitais fluminenses. Um dos nomes sob suspeita nessa apuração é exatamente o do senador Flávio, segundo confirmam fontes da CPI no Senado.
O coronel Gueiros é alvo de um processo no Superior Tribunal Militar (STM) em que é réu por crimes de fraude em licitação e improbidade administrativa. A ação penal, que contou com investigações da Polícia Federal, apura suspeita de fraudes em licitações do Exército no ano de 2008. O militar só chegou à presidência da Loterj graças à influência de Flávio. O senador pediu que um colega o indicasse para integrar a gestão Witzel.
No caso do esquema montado por Flávio, as investigações indicam que o senador recebeu em torno de R$ 6 milhões dos salários dos servidores nomeados em seu gabinete. Abrahão chegou a ser preso no âmbito da Operação Furna da Onça, deflagrada pela Polícia Federal em 2018, que revelou o esquema das rachadinhas. Na casa do deputado estadual, a polícia encontrou R$ 53 mil em dinheiro vivo.
“Tome cuidado. É uma organização de alta periculosidade”, afirmou, sob a condição de anonimato, por medo de represálias. Esse advogado relacionou o senador ao grupo do coronel Gueiros.
Em nota, o Ministério da Saúde confirmou que iniciou tratativas com a Vaxxinity, mas informou ter decidido não comprar o imunizante por considerar que o Brasil já possuía vacinas suficientes.
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